O IVA Dual reforma tributária é uma das mudanças mais significativas do sistema tributário brasileiro nos últimos anos.
Na prática, ele representa uma tentativa de simplificação e modernização da forma como impostos são cobrados sobre o consumo, substituindo uma série de tributos atuais por um modelo mais eficiente, transparente e alinhado às melhores práticas internacionais.
Para empresas e contribuintes em geral, entender como o IVA Dual funcionará é essencial para se adaptar à transição e evitar riscos fiscais.
O que é o IVA Dual?
O termo IVA significa Imposto sobre Valor Agregado (ou VAT, na sigla em inglês).
É um modelo de tributação indireta que incide sobre bens e serviços em cada etapa da cadeia produtiva, mas de forma não cumulativa, ou seja, cada empresa paga apenas sobre o valor que adiciona ao produto ou serviço. Esse é o mesmo modelo já utilizado em diversos países.
No caso do Brasil, optou-se por um modelo de IVA Dual, ou seja, dividido em dois grandes impostos:
- CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços): De competência federal.
- IBS (Imposto sobre Bens e Serviços): De competência compartilhada entre estados e municípios.
Assim, surge o conceito de CBS ibs IVA dual, uma estrutura que substitui tributos federais, estaduais e municipais atuais, criando um sistema mais uniforme, mas que ainda preserva a autonomia de arrecadação dos entes federativos.
Por que o Brasil adotou o modelo de IVA Dual?
Ao longo das últimas décadas, a tributação brasileira foi marcada por complexidade, sobreposição de tributos e alta carga burocrática.
Tributos como PIS, COFINS, IPI, ICMS e ISS geravam distorções, guerra fiscal e dificuldades de apuração para empresas de todos os portes.
O IVA Dual Brasil foi escolhido como solução porque:
- Permite a unificação de tributos sobre consumo sem abrir mão da autonomia de estados e municípios.
- Segue modelos internacionais que já demonstraram maior eficiência.
- Reduz a litigiosidade, já que hoje boa parte dos processos tributários se refere ao PIS/COFINS e ICMS.
- Dá maior previsibilidade para empresas e investidores.
Como funciona a CBS e o IBS
- CBS – Contribuição sobre Bens e Serviços
A CBS será um tributo federal que substitui o PIS, COFINS e parte do IPI. Sua principal característica é a alíquota uniforme e a não cumulatividade plena.
Na prática, isso significa que as empresas poderão aproveitar créditos sobre todos os insumos utilizados, reduzindo a cobrança em cascata.
- IBS – Imposto sobre Bens e Serviços
O IBS substituirá o ICMS (estadual) e o ISS (municipal). Ele terá alíquota definida de forma nacional, mas com arrecadação compartilhada entre estados e municípios. A ideia é evitar a guerra fiscal e garantir uma tributação mais justa e uniforme.
Na prática, os dois funcionarão de maneira muito parecida, ambos incidindo sobre bens e serviços em todas as etapas, mas arrecadados por esferas diferentes do poder público.
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Exemplo prático de não cumulatividade
Para entender melhor o funcionamento do IVA dual empresas, veja um exemplo simples:
- Uma indústria compra insumos de fornecedores no valor de R$ 100 mil, com incidência de 25% de IVA (CBS + IBS). Ela paga R$ 25 mil de tributos.
- Ao vender o produto acabado por R$ 200 mil, o tributo devido é de R$ 50 mil.
- Como já havia pago R$ 25 mil na etapa anterior, ela desconta esse crédito e paga apenas a diferença, ou seja, mais R$ 25 mil.
Esse mecanismo evita a cumulatividade que existe hoje, em que muitas empresas acabam pagando imposto sobre imposto, aumentando artificialmente os preços.
Esse ponto é essencial, principalmente para empresas de serviços e indústria, que frequentemente sofrem com a dificuldade de aproveitamento de créditos no sistema atual.
Impactos do IVA Dual para empresas
A implementação do IVA dual na reforma tributária trará uma série de impactos para empresas, tanto positivos quanto desafiadores.
Benefícios
- Simplificação: Unificação de tributos reduz obrigações acessórias e custos de conformidade.
- Neutralidade: Elimina distorções entre setores, evitando que determinados produtos ou serviços sejam mais onerados.
- Segurança jurídica: Reduz espaço para interpretações divergentes e litígios tributários.
- Transparência: Com alíquota única e crédito amplo, fica mais fácil para empresas e consumidores entenderem a carga tributária.
Desafios
- Transição gradual: Haverá um período de convivência entre tributos antigos e novos, aumentando a complexidade no curto prazo.
- Ajustes tecnológicos: Empresas precisarão adaptar sistemas de gestão e ERP para calcular e registrar corretamente os créditos e débitos de CBS e IBS.
- Impacto setorial: Alguns setores que hoje têm regimes especiais podem sofrer aumento de carga tributária.
Comparativo: sistema atual vs IVA Dual
Para facilitar sua compreensão sobre as mudanças que serão implementas pelo fisco, confira a tabela abaixo:
Aspecto | Sistema Atual | IVA Dual |
Tributos sobre consumo | PIS, COFINS, IPI, ICMS, ISS | CBS e IBS |
Não cumulatividade | Limitada, com muitas restrições | Ampla, com crédito para todos os insumos |
Alíquotas | Variáveis e complexas | Uniformes |
Competência | União, estados e municípios disputam arrecadação | União (CBS) e estados/municípios (IBS) de forma organizada |
Litígios | Altíssimo volume de disputas | Redução significativa esperada |
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Infográfico: como funciona o IVA Dual
Para facilitar a sua compreensão sobre o IVA Dual, preparamos o infográfico abaixo. Na prática, cada elo da cadeia, ou seja, desde o fornecedor de matéria-prima, até o varejista, aproveitam créditos das etapas anteriores, pagando impostos apenas sobre o valor que agregaram ao produto.
Dessa forma, apesar da alíquota do IVA ser mais alta, que as alíquotas atuais (alíquota IVA estimada entre 25% e 28%), não haverá bitributação, gerando assim, economia, em muitos casos.
Veja o infográfico abaixo:
IVA Dual e startups/SaaS
O IVA dual empresas também terá impacto relevante no ambiente de inovação e nas startups, especialmente no setor de SaaS.
Hoje, muitos negócios digitais enfrentam dificuldade de enquadramento tributário, principalmente em relação ao ISS.
Com o IBS, a tendência é de maior uniformidade e menos discussões sobre local de incidência. Isso traz previsibilidade para empresas que vendem serviços em escala nacional.
O que as empresas precisam fazer para se preparar
Por mais que exista um período de transição, e que a reforma tributária só entre 100% em vigor em 2033, é muito importante que as empresas comecem a se preparar de forma imediata, evitando assim, surpresas e imprevistos futuros:
Diante disso, é muito importante levar em consideração, os seguintes cuidados:
- Mapear processos internos: Identificar quais operações geram crédito e como será o aproveitamento com CBS/IBS.
- Atualizar sistemas: Adequar softwares de gestão para apuração dos novos tributos.
- Planejamento tributário: Simular cenários de carga tributária para verificar impactos positivos ou negativos.
- Contar com assessoria especializada: Contratar uma assessoria especializada na área fiscal, contábil e financeira para a nova realidade.
- Acompanhar a legislação: A reforma ainda passará por regulamentações que definirão pontos-chave como alíquotas finais e regimes específicos.
Conclusão
O IVA Dual reforma tributária marca uma virada de chave no sistema brasileiro de tributação sobre consumo.
Com a criação da CBS e IBS, o IVA dual Brasil promete simplificação, maior eficiência e segurança jurídica, embora traga desafios na fase de transição.
Para as empresas, a mudança exigirá adaptação tecnológica, revisão de processos e acompanhamento constante das normas.
Mais do que nunca, será essencial contar com apoio especializado para conduzir esse processo com segurança e aproveitar os benefícios da não cumulatividade e da simplificação tributária.
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